Temple Grandin é reconhecida como uma das principais representantes da comunidade autista no mundo. Através de suas palestras, a zootecnista, psicóloga e professora da Universidade Estadual do Colorado rompe estereótipos por meio da divulgação científica, ocupando seu lugar de fala como autista e como pesquisadora do assunto.
Além de ser especialista em comportamento animal - tornando-se referência no tratamento racional durante o manejo pecuário, no sentido de evitar o sofrimento do gado -, Temple também é engajada na causa da neurodiversidade e ressalta a importância de se considerar cada autista como um indivíduo com anseios e potenciais que devem ser incentivados e trabalhados. Para isso, segundo a autora, uma boa orientação faz-se necessária; os pais e professores devem estar atentos para que percebam seus focos de interesse e os direcionem no desenvolvimento de suas habilidades específicas.
Uma das frases mais conhecidas de Temple Grandin é "Different... Not less" (Diferente... Não menos), que rechaça o capacitismo comumente reproduzido pela sociedade.
Para o neurologista Oliver Sacks (que hoje faria 88 anos), ela se definiu como "Um Antropólogo em Marte", para tentar explicar como ela e tantos outros autistas se sentem neste mundo projetado por e para neurotípicos. Tal autodefinição originou o título do livro de Sacks em que seu relato foi publicado (também recomendo a leitura).
"O Cérebro Autista", escrito por Temple em parceria com o jornalista especialista em escrita científica Richard Panek, traz várias atualizações das evidências científicas sobre autismo, além de reforçar o engajamento de Temple Grandin na luta pelo respeito à individualidade dos autistas. Recomendo a todos, envolvidos ou não com o tema (uma vez que a neurodiversidade é uma realidade que se faz presente na vida de todos), mas considero uma leitura imprescindível a profissionais da saúde, da educação e da comunicação.
Carmem Toledo
Temple Grandin. Desenho feito a lápis por Carmem Toledo. |